Um mote para São Lourenço com subsede da copa de 2014
Aí, galera
“Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo ‘estereotipação’? E, no entanto, por que não?
- Aí campeão. Uma palavrinha pra galera.
- Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares.
- Como é?
- Aí, galera.
- Quais são as instruções do técnico?
- Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenaremos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação.
- Ahn?
- É pra dividir no meio e ir pra cima prá pegá eles sem calça.
- Certo. Você pode dizer mais alguma coisa?
- Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas?
- Pode.
- Uma saudação para minha genitora.
- Como é?
- Alô, mamãe!
- Estou vendo que você é um, um...
- Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação?
- Estereoque?
- Um chato?
- Isso.
(Luis Fernando Veríssimo)
Questionamentos
1. Luis Fernando Veríssimo constrói o humor por apresentar um jogador de futebol que não corresponde à imagem que normalmente se faz desse tipo de atleta.
a) Qual é essa imagem?
b) Que tipo de linguagem se esperaria que um jogador de futebol utilizasse?
2. (Enem- MEC) O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à expectativa do público. São elas:
a) A saudação do jogador aos fãs do clube, no início da entrevista, e saudação final dirigida à sua mãe.
b) A linguagem muito formal do jogador, inadequado à situação da entrevista e um jogador que fala, com desenvoltura, de modo muito rebuscado.
c) O uso da expressão “galera”, por parte do entrevistador, e da expressão “progenitora”, por parte do jogador.
d) O descobrimento, por parte do entrevistador, da palavra “estereotipação”, e a fala do jogador em “é pra dividir ao meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça”.
e) O fato de os jogadores de futebol serem vítimas de estereotipação e o jogador entrevistado não corresponder ao estereótipo.
3. A expressão “ pegá eles sem calça” poderia ser substituída, sem comprometimento de sentido, em língua culta, formal por pegá-los
a) na mentira.
b) desprevenidos.
c) em flagrante.
d) rapidamente.
e) momentaneamente.
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