quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Semântica – Leproso

A lepra (hanseníase, morfeia, mal de Hansen, mal de Lázaro) é uma doença infecciosa causada por um bacilo denominado Mycobacterium leprae, afetando nervos, pele e provocando danos severos. Recebeu este nome devido ao descobridor dela, Gerhard Hansen. A doença é conhecida há séculos, tendo registros do mal em várias obras, entre elas a Bíblia, que quando a cita, sempre apresenta preconceito por parte da maioria. Uma pessoa que não tinha restrições preconceituosas sobre a hanseníase era Jesus Cristo. Quem não lembra a parábola dos dez leprosos, quando um dos curados volta agradecendo a Jesus pela cura milagrosa?

Hoje, a hanseníase tem cura, desde que descoberta no início e pode ser combatida com antibióticos, administrados por profissionais de saúde. Por ter um histórico preconceituoso e excludente, a mudança de nome foi atribuída ao descobridor do bacilo, o já citado norueguês Gerhard Henrick Armauer Hansen, no século XIX. Após explicação tão científica resta a pergunta: Qual é o mote?

Hoje, chamar alguém de leproso não é só atribuir a doença à pessoa, é também dizer que ela está excluída de um encontro, processo, grupo ou qualquer situação semelhante que envolva momento social. É neste contexto que entra a semântica (do grego “semantikê”), campo da gramática que estuda o significado das palavras. Então, vamos aos fatos:

Recentemente em nosso município houve um evento que pretendia demonstrar de alguma forma São Lourenço à imprensa, por tabela, à população de nossa cidade e é claro ao restante do estado, no mínimo. Fato corriqueiro e perfeitamente compreensível que a imprensa pernambucana tenha sido convidada; era óbvio e necessário por propiciar visão e prestígio, além de contar com órgãos de comunicação mais abrangentes, no entanto...
...quando escrevi mais abrangentes não deixei de pensar nos órgãos jornalísticos locais, mais conhecedores dos acontecimentos no município e incrivelmente competentes em sua função primordial: informar às pessoas sobre o que acontece e contar com a confiança por apresentar os informes com fidelidade.

Fato estranho foi a ausência dos blogs, portais e representantes da mídia local, demonstrando certo simplismo ou ingenuidade e até inexperiência, uma vez que os munícipes, sabedores de qualquer evento promocional da Cidade da Copa procurariam saber por estes meios como o agradável acontecimento havia se desenrolado. Foi como um grande jornal tendo condição de enviar correspondentes ao estrangeiro publicar em sua folha internacional o que os outros países pensam sobre si ou sobre nós sem um pensamento do próprio jornal (algo como control + c, control + v = copiar e colar, linguagem da informática). Temos duas dificuldades: uma, a opinião deles pode não ser (e geralmente não é) a realidade sobre nós; outra, nós temos o direito de termos nossa visão a nosso respeito.

Finalmente, por não ter havido convite das redes de comunicação locais (assim pareceu e viu-se), houve chacota, piadas de mau gosto, tachando estes meios e representantes de “leprosos”. Aí está o mote: segundo a semântica, neste aspecto, leproso não significa doente do mal de Hansen, mas sim afastados da participação, do convívio. Cabem aqui pelo menos duas perguntas: Os órgãos presentes apresentaram bem a cidade? Quem conhece melhor a casa, o morador ou a visita?

Se tais questionamentos são infundados, que se apresentem as versões adequadas.

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