70 anos do início da Segunda Guerra Mundial (1939 – 2009)
Antecedentes:- economias refeitas da Primeira Guerra, crise na bolsa de valores de Nova Iorque;
- créditos suspensos à Alemanha e à Áustria;
- medidas protecionistas fizeram nações investir em indústria bélica e ampliação de efetivos militares.
Causas gerais:
-sentimento revanchista da Alemanha;
- tensões ideológicas entre governos democráticos e autoritários (fascismo, nazismo e comunismo);
- sucessivas crises econômicas, desemprego e insatisfação;
- fracasso da Liga das Nações;
- ultra nacionalismo em países como Alemanha, Itália e Japão, adotando uma política expansionista.
1936 – reinício da produção de armamentos e serviço militar obrigatório na Alemanha. União política com a Itália.
Política expansionista do eixo:
- ocupação da Renânia pelos alemães em 1936. (não podia ser militarizada – tratado de Versalhes);
- invasão e anexação da Etiópia e Albânia pelos italianos, 1936 e 1939;
- ocupação da Manchúria pelos japoneses;
- invasão e anexação da Áustria pelas tropas hitleristas, em 1938;
- desmembramento da Tchecoslováquia, em março de 1939, e incorporação dos sudetos, pela Alemanha.
Causas imediatas:
- rápida modernização e aumento das forças armadas alemãs colocaram em estado de alerta as outras nações da Europa;
- Ironicamente, Inglaterra e França viam Hitler como apoio contra o comunismo soviético;
- Pacto de não-agressão;
- corredor polonês (acesso ao mar);
Primeira fase 1939 – 1941:
- guerra relâmpago;
- Polônia, Dinamarca e Noruega (1939);
- Bélgica Holanda, Luxemburgo e França (1940);
- Dunquerque;
-França dividida;
- Inglaterra só e Carta do Atlântico;
- guerra na África;
Segunda fase da guerra 1941 – 1945:
- Leningrado, Stalingrado, Moscou;
- EUA na guerra (Pearl Harbor), guerra no Pacífico;
- Brasil na Guerra (1942);
- Montogmery na África;
- FEB na Itália (1944) “A cobra está fumando” e “Senta a pua” – Monte Castelo, Montese, Collechio Fornuovo.
- dia D, Alemanha capitula;
- Japão – kamikazes, Hiroshima e Nagasaki 1944. Rendição 1945.
Consequências:
- 40 milhões de mortos;
- democracia;
- Duas superpotências;
- Getúlio cai;
- independência das colônias.
Na literatura, três representantes:
Murilo Mendes – O filho do século
Carlos Drummond de Andrade – Carta a Stalingrado
Cecília Meireles - Motivo
O filho do século
Nunca mais andarei de bicicleta
Nem conversarei no portão
Com meninas de cabelos cacheados
Adeus valsa "Danúbio Azul"
Adeus tardes preguiçosas
Adeus cheiros do mundo sambas
Adeus puro amor
Atirei ao fogo a medalhinha da Virgem
Não tenho forças para gritar um grande grito
Cairei no chão do século vinte
Aguardem-me lá fora
As multidões famintas justiceiras
Sujeitos com gases venenosos
É a hora das barricadas
É a hora da fuzilamento, da raiva maior
Os vivos pedem vingança
Os mortos minerais vegetais pedem vingança
É a hora do protesto geral
É a hora dos vôos destruidores
É a hora das barricadas, dos fuzilamentos
Fomes desejos ânsias sonhos perdidos,
Misérias de todos os países uni-vos
Fogem a galope os anjos-aviões
Carregando o cálice da esperança
Tempo espaço firmes porque me abandonastes.
Carta a Stalingrado
Depois de Madri e de Londres, ainda há grandes cidades!
O mundo não acabou, pois que entre as ruínas
outros homens surgem, a face negra de pó e de pólvora,
e o hálito selvagem da liberdade
dilata os seus peitos, Stalingrado,
seus peitos que estalam e caem,
enquanto outros, vingadores, se elevam.
A poesia fugiu dos livros, agora está nos jornais.
Os telegramas de Moscou repetem Homero.
Mas Homero é velho. Os telegramas cantam um mundo novo
que nós, na escuridão, ignorávamos.
Fomos encontrá-lo em ti, cidade destruída,
na paz de tuas ruas mortas mas não conformadas,
no teu arquejo de vida mais forte que o estouro das bombas,
na tua fria vontade de resistir.
Saber que resistes.
Que enquanto dormimos, comemos e trabalhamos, resistes.
Que quando abrimos o jornal pela manhã teu nome (em ouro
oculto) estará firme no alto da página.
Terá custado milhares de homens, tanques e aviões, mas valeu
a pena.
Saber que vigias, Stalingrado,
sobre nossas cabeças, nossas prevenções e nossos confusos
pensamentos distantes
dá um enorme alento à alma desesperada
e ao coração que duvida.
Stalingrado, miserável monte de escombros, entretanto
resplandecente!
As belas cidades do mundo contemplam-te em pasmo e silêncio.
Débeis em face do teu pavoroso poder,
mesquinhas no seu esplendor de mármores salvos e rios não
profanados,
as pobres e prudentes cidades, outrora gloriosas, entregues
sem luta,
aprendem contigo o gesto de fogo.
Também elas podem esperar.
Stalingrado, quantas esperanças!
Que flores, que cristais e músicas o teu nome nos derrama!
Que felicidade brota de tuas casas!
De umas apenas resta a escada cheia de corpos;
de outras o cano de gás, a torneira, uma bacia de criança.
Não há mais livros para ler nem teatros funcionando nem
trabalho nas fábricas,
todos morreram, estropiaram-se, os últimos defendem pedaços
negros de parede,
mas a vida em ti é prodigiosa e pulula como insetos ao sol,
ó minha louca Stalingrado!
A tamanha distância procuro, indago, cheiro destroços
sangrentos,
apalpo as formas desmanteladas de teu corpo,
caminho solitariamente em tuas ruas onde há mãos soltas e relógios partidos,
sinto-te como uma criatura humana, e que és tu, Stalingrado, senão isto?
Uma criatura que não quer morrer e combate,
contra o céu, a água, o metal, a criatura combate,
contra milhões de braços e engenhos mecânicos a criatura combate,
contra o frio, a fome, a noite, contra a morte a criatura
combate,
e vence.
As cidades podem vencer, Stalingrado!
Penso na vitória das cidades, que por enquanto é apenas uma
fumaça subindo do Volga.
Penso no colar de cidades, que se amarão e se defenderão
contra tudo.
Em teu chão calcinado onde apodrecem cadáveres,
a grande Cidade de amanhã erguerá a sua Ordem.
Motivo
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou se desfaço,
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
As poesias refletem a época da guerra, ilusória, passageira, meio melancólica.
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