domingo, 28 de junho de 2009

Arcadismo

O arcadismo, também chamado de setecentismo (do século XVIII, ou os "anos de 1700") ou neoclassicismo é o período que caracteriza principalmente a segunda metade do século XVIII, tingindo as artes de uma nova tonalidade burguesa. O arcadismo é uma escola literária surgida na Europa no século XVIII. Criada na Itália, procurando imitar a lenda grega, os italianos criaram em 1690 uma academia literária, denominada Arcádia que reunia escritores com a finalidade de combater o Barroco (já decadente) e difundir os ideais neoclássicos. O nome dessa escola é uma referência à Arcádia, região bucólica do Peloponeso, na Grécia, tida como ideal de inspiração poética. No Brasil, o movimento árcade toma forma a partir da segunda metade do século XVIII. A principal característica desta escola é a exaltação da natureza e de tudo que lhe diz respeito. É por isto que muitos poetas ligados ao arcadismo adotaram pseudônimos de pastores gregos ou latinos (pois o ideal de vida válido era o de uma vida bucólica).

Contexto histórico
A burguesia ascendente voltada para as questões mundanas passou a deixar em segundo plano a religiosidade que permeava o pensamento barroco; além disso, o exagero da expressão barroca havia cansado o público, e a chamada arte cortesã, que se desenvolvera desde a Renascença, estacionara e apresentara sinais de declínio, perdendo terreno para a arte burguesa, marcada pelo subjetivismo. Surgiram, então, as primeiras arcádias, que procuravam a pureza e a simplicidade das formas clássicas.

Na Itália essa influência assumiu feição particular. Conhecida como Arcadismo, inspirava-se na lendária região da Grécia antiga. Segundo a lenda, a Arcádia era dominada pelo deus Pã e habitada por pastores que, vivendo de modo simples e espontâneo, se divertiam cantando, fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer.

No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre, etc. Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes. O desejo da natureza, a realização da poesia pastoril, a reverência ao bucolismo são traços marcantes da literatura arcádica, disposta a fazer valer a simplicidade perdida no Barroco.

Em Portugal
* D. José no trono;
* Período Pombalino (1750 a 1777);
* Grandes Reformas na Economia;
*Aumento da exploração na colônia do Brasil;
* Expulsão dos jesuítas dos domínios portugueses;
* A morte de D. José, em 1777, e a queda de Pombal;
* D. Maria, sucessora do trono, tenta resolver os problemas, cada vez maiores, do Erário Real;
* O dominio Inglês em Portugal cresce, e a dependência econômica de Portugal torna-se incontrolável.
* Fundação da Arcádia Lusitana (1756).

No Brasil
* Minas Gerais como centro econômico e político;
* A descoberta do ouro, na região de Minas Gerais, forma cidades ao redor;
* Vila Rica (atual Ouro Preto) se consolida como espaço cultural desde o Barroco (Aleijadinho);
* A corrida pelo ouro se intensifica;
* Influências das arcádias portuguesas nos poetas brasileiros;
* Conflitos com o Império (Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana);
* O ciclo da mineração;
* A expulsão dos jesuítas do Brasil - (1759);
* A Inconfidência Mineira (1789);
* Publicação das Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa (1768);
* Fundação da Arcádia Ultramarina em Vila Rica (atual Ouro Preto, MG).

Portugal - autores
* Manuel Maria Barbosa Du Bocage;
* Antonio Diniz Cruz e Silva;
* Correia Garção;
* Marquesa de Alorna;
* Francisco José Feire, o Cândido Lusitano.

Características Gerais
* Idéias Iluministas – Predomínio da razão - ênfase aos estatutos da razão, do conhecimento e da ciência. A beleza e o racional caminham lado a lado;
* Laicismo;
* Liberalismo;
* Antropocentrismo;
* Adoção de lemas latinos, tais como:Fugere urbem (fuga da cidade), Locus amoenus (lugar aprazível), Carpe diem (aproveita o dia), Inutilia truncat (Cortar o inútil), Aurea Mediocritas (mediocridade áurea - simboliza a valorização das coisas cotidianas focalizadas pela razão);
* Bucolismo (vida bucólica = vida campestre, no campo)
Obs: Apesar do Arcadismo pregar que a vida feliz é a vida no campo e idolatrar a vida campestre e a natureza, o campo ainda é um plano de fundo, apenas. A maioria dos autores não deixam sua vida na cidade pela vida no campo;
* Rigor formal;
* Revalorização da cultura clássica;
* Convencionismo amoroso;
* Idealização do Sexo, do amor e da mulher;
* Rococó - estilo artístico situado entre o Barroco (com o qual, às vezes, é confundido) e o Arcadismo. O Rococó durou pouco mais de 35 anos. Assumiu porém, ares de padrão artístico em vários países do mundo, principalmente na américa espanhola e portuguesa;
* Imitação de modelos artísticos greco-romanos - a obediência a regras e convenções clássicas como sinônimo de "imitação", não de cópia pura e simples. Aspectos imitados: quanto à forma (busca da perfeição formal, através da utilização de modelos literários); quanto ao conteúdo (temáticas preferenciais: amor, vida e morte, vida campestre, poesia didática ou doutrinária; recorrência à mitologia pagã);
* Convencionalismo (Repetição de temas muito explorados e utilização de lugares comuns da literatura);
* Pseudônimos pastoris (fingimento poético para não revelar sua identidade);
* Objetivismo;
* Sátira Política;
* Linguagem Simples;
* Uso dos Versos decassílabos, sonetos e outras formas clássicas;
* Presos à estética e à forma.

No Brasil
* Introdução de paisagens tropicais - Caramuru (de Frei José de Santa Rita Durão);
* História colonial muito valorizada;
* Início do nacionalismo;
* Início da luta pela independência - Tomás Antônio Gonzaga ("primeiro cabeça da inconfidência" segundo Joaquim Silvério, delator da Inconfidência Mineira);
* A colônia é colocada como centro das atenções.

Arcadismo no Brasil e Autores
A transição do barroco para o Arcadismo se dá com a publicação, em 1768, do livro Obras Poéticas, de Cláudio Manuel da Costa (1729-1789), um dos integrantes da Inconfidência Mineira. Entre os árcades se destacam ainda o português que viveu no Brasil e participou da Inconfidência Mineira, Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810), autor de Marília de Dirceu e Cartas Chilenas; Basílio da Gama (1741-1795), autor do poema épico O Uraguai; Silva Alvarenga (1749-1814), autor de Glaura; Inácio José de Alvarenga Peixoto; e Frei Santa Rita Durão (1722-1784), autor do poema épico Caramuru. Apesar do engajamento pessoal, a produção literária desses autores não está a serviço da política. A escola predomina até o início do século XIX, quando surge o Romantismo.

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